Frei Imaculado José de Jesus
Há 100 anos, em 15 de agosto de 1922 nascia em Campobasso, na Itália, Aldo Brienza, que se tornaria o Venerável Frei Imaculado José de Jesus.
Um caminho fora do comum, é verdade. Ainda adolescente, será visitado pela dor. Será o início de um longo Calvário que o manterá preso a uma cama durante toda a sua vida, até a consumação de sua oblação em 13 de abril de 1989. Sua vida foi um cântico da amor, uma oblação pelos sacerdotes.
Mas este predileto de Maria, estava chamado a viver sua vocação oblativa dentro do Carmelo, e pôde por especial privilégio concedido pela Santa Sé, professar como Carmelita Descalço.
“Sem mérito algum, por pura Misericórdia de Deus disse sempre sim às divinas exigências crucificadoras. Em 25 de março de 1943 vesti o Santo Hábito, em 11 de maio de 1948 por indulto Pontifício fiz a Profissão Solene. Nossa Senhora, que no dia da sua gloriosa Assunção ao Céu me fez vir ao mundo, me guiou passo a passo sempre até a me dar (é uma confidência que lhe faço) o seu Nome e me chamar para sua Ordem” (Carta à Madre Giuseppa Maria, 10.11.1954)
Para celebrar o seu centenário apresentamos uma seleção de seus escritos, tirados de seu riquíssimo Epistolário, onde podemos entrever a profundidade de seu itinerário espiritual.
I - Não temas!
“Não temas, se abandone completamente ao Senhor e Ele a sustentará. São João da Cruz ensina: nada desejar, nada recusar. A única coisa que tudo deve dominar e animar é a vontade do Senhor, qual, como e quando se manifesta. Desejemos, amemos, façamos só aquilo que deseja, ama e quer o Senhor. Este é, como foi admiravelmente escrito, o despojamento completo; este é o holocausto da Hóstia pura de toda infiltração de egoísmo, da Hóstia santa porque toda consagrada sem reservas, da Hóstia imaculada, que encontra a complacência do Pai”. (Carta à Madre Maria Geltrude, 21.05.1984)
II - Oferecer os sofrimentos
“Não vos escrevi antes porque novamente estive mal; me ajude com a vossa oração a oferecer os meus sofrimentos, em união ao Sacrifício de Jesus, para que valorizadas pelo Sangue Preciosíssimo, sejam glória a Deus, salvação das almas, perseverança e santificação para os seus Sacerdotes e para todas as almas consagradas e pela nossa Ordem. Sim, que seja sempre vítima do Amor, da Divina Justiça: “Fac me tibi hostiam puram, sanctam Deuo placentem”. (Carta à Madre Maria Carmelita, 20.08.1985)
III - Abandono
“Me atrasei em vos responder, em vos agradecer pelas belas imagens, só porque estou sofrendo muito. Me dou, porém, sem temor porque sei que Jesus é Amor e tudo me dará para viver o meu “sim”. Me abandono, me ofereço, para me deixar fazer e desfazer por Ele. Quero que cada dia da minha vida seja gasto só por Deus, por sua glória”. (Carta à Madre Maria Teresa, 13.03.1989).
IV - O meu “sim”
“Sinto sofrer tanto e parece que também a mim Jesus repita: “Ó, ama-me, deixa-me sofrer em ti! Que eu possa derramar em ti aquilo que os meus consagrados rejeitam, quero dizer, as cruzes que são um dom de predileção. Quero arrastar os meus consagrados numa corrente divina. Ó, se me deixassem agir, que maravilhas de graça eu realizarei neles. Quero continuar em ti a minha vida dolorosa. Não temas as operações de um Deus de amor que destrói o humano para edificar o divino!” Reze, Madre, para que saiba sempre pronunciar o meu “sim” unindo-o ao “fiat” de Jesus e àquele da Virgem Santa”. (Carta à Madre Maria Teresa, 20.08.1985)
V - Repito a Nossa Senhora
“(...) Ainda sofro pelas sequelas pós-operatórias. Reze, rezem para que eu saiba bem viver o que cotidianamente repito a Nossa Senhora: “Sou teu, ó Mãe divina, eis-me aqui, atrai-me contigo no mistério das tuas dores e seja doravante este mistério o único pão que me nutre, a única água que mata a minha sede”. (Carta à Irmã Teresa Margherita, 16.05.1985)
VI - Como gota d´água
“(...) V.R. reze para que eu saiba me imolar, sempre me doar com generosidade, sempre me entregar totalmente a Ele. Entregar-se a Ti, Senhor, como a gota de água no papel absorvente. Ser por Teu Amor absorvido até a ser uma só coisa contigo, para obter de Ti a libertação. Sim, Jesus, toma-me apesar da minha incapacidade e indignidade, toma tudo aquilo que eu não sei te dar. Concede-me permanecer sempre oferecido a Ti e por teu amor aos outros, para glória do Pai”. (Carta à Madre Maria Carmelita, 28.11.1983)
VII - Uma Missa contínua
“O dia dos filhos do Carmelo deve ser uma Missa contínua... e há oportunidades. Quantas pequenas “hóstias” a se elevar a cada momento, a cada respiro sobre o altar do nosso dever. A cada instante uma consagração, uma elevação. Apeguemo-nos fortemente a estes pensamentos, deixemos que Jesus os viva em nós, cedamos a ele todo o lugar, tudo. Busquemos nos esquecer para nos estabelecer n´Ele. A Santíssima Virgem, em cujas mãos colocamos tudo o que somos, faça crescer Jesus em nós...” (Carta à Madre Maria Teresa, 07.10.1982)
VIII - A minha vocação
“(...) O sofrimento é verdadeiramente a minha vocação, “o apelo do Senhor à minha alma”. Sim, o sofrimento me consente fazer obra de reparação e é a resposta àquela oferta de mim mesmo a Cristo, pelos sacerdotes, pela Igreja, pela Ordem e pelas pessoas que me são caras”. (Carta à Madre Maria Teresa, 16.04. 1982)
IX - Perfeita adoração
“(...) Reze por mim, vivo em treva profunda, mas creio, creio, e quero infundir fé. A minha oração: “Ó dulcíssimo Jesus, eu confio que me farás alcançar, em Ti, o estado de perfeita adoração, fazendo de cada átomo do meu ser, interno e externo, espiritual e material, um sacrifício perfeito que se perca e desapareça no teu, com a consumação perfeita na unidade”. (Carta ao Pe. Valentino, 29.01.1982)
X - Alma totalmente disponível
(...) é bem verdade que a alma totalmente disponível a Deus “não tem mais desejos para si mesma”. Desposou definitivamente e para sempre os desejos e os interesses de Deus. E como Cristo não tem outro desejo senão aquele de realizar os desígnios do Pai, assim eu não desejo outra coisa senão fazer conhecer, amar e servir o Pai com a minha imolação. Portanto, a minha oração cotidiana é: “O martírio silencioso da minha vida, da uniformidade perfeita a todos os queres divinos, se torne para mim, ó Virgem Dolorosa, saudação filial. Ave Maria, e por Ti, em Ti e para Ti, adoração e glorificação da Santíssima Trindade”. (Carta à Madre Maria Carmelita, 07.10.1982)
XI - O Horto das Oliveiras
“Madre Placida, o doloroso lamento de Jesus a Santa Margarida Maria: “Busquei corações e não os encontrei” não é dirigido também a nós, suas almas privilegiadas, as suas hóstias, as suas vítimas? Não é também a nós que Jesus incessantemente, ininterruptamente repete: “Ama-me, glorifica-me, imola-te comigo e por mim, porque não sou conhecido, não sou amado”. Ó, imensidade do amor de nosso Deus por nós, suas pobres criaturas!” (Carta à Madre Placida, 02.01.1948)
XII - A Misericórdia
“Sem ti, pobre pequeno nada, Eu, o Tudo infinito, não posso realizar nada por ti. CoMigo, o onipotente Amor, tu, pobre pequeno nada, podes realizar por Mim tudo aquilo que te peço”.
Jesus”
“Eu te a minha paz. Te deixo a minha paz. A paz esteja contigo. Eu me dou a ti: aspira-me, acolhe-me, recebe-me, conserva-me em ti e fixa-me em ti. Eu estou contigo, perto de ti, em ti!”
Jesus”.
“Pouco me importam as quedas. Conheço a miséria das almas. Aquilo que quero é que não sejam surdas ao meu chamado e que não recusem os meus braços quando os estendo para levantá-las. Quando uma alma deseja com ardor permanecer fiel a mim, Maria Cecilia, Eu sustento a sua fraqueza e as suas próprias quedas invocam com maior força a minha Bondade e minha Misericórdia. Nada mais lhe peço senão que, esquecida de si, se humilhe e se esforce para não por satisfação própria, mas para me dar glória!”
Jesus misericordioso” (Cartas à Madre Cecilia Cardinali, sem data)
(Cf. Frate Immacolato Giuseppe di Gesú (Aldo Brienza) Carmelitano Scalzo. Epistolario 1942-1989. A cura di Giuseppe Biscotti e P. Raffaele Amendolagine).
Deus lhe pague!
Divulgue! Compartilhe!
Em união de orações,
José Eduardo Câmara